quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Caso Juiz Alexandre Martins - Carro visto na cena do assalto e tido como de morador do bairro

Caso Juiz Alexandre Martins - Carro visto na cena do assalto e tido como de morador do bairro
9/10/2009

Carro visto na cena do assalto e tido como suspeito é de morador do bairro

Da Redação
Foto capa: Arquivo SD

Os bastidores dos julgamentos dos processos na Justiça relacionados à morte do juiz Alexandre Martins de Castro Filho revelam passagens que mostram como foram montadas as peças da farsa para dar suporte à tese do crime de mando. Sobrepondo-se, inclusive, às provas técnicas do processo e a testemunhas importantes para o desvendamento da participação dos acusados, posteriormente condenados em Júri Popular.
Durante as audiências, comandadas pelo juiz Carlos Eduardo Lemos, a impressão que ficou, tanto para os advogados de defesa quanto para os acusados, foi a da obsessão com que se buscou a confirmação de que houvera um crime de mando e não um latrocínio. Um dos episódios em que transparece esta obsessão é relatado, em detalhes, pela advogada Carla da Mata Machado Pedreira, responsável pela defesa do traficante Fernandes de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção.
Segundo a advogada, uma das principais testemunhas do processo, o condutor de uma caminhonete preta que foi vista na cena do latrocínio, não foi sequer levada em consideração dentro do processo, apesar de seu suposto envolvimento ter rendido dividendos aos acusadores do traficante.
De acordo com a tese montada por Carlos Eduardo, a caminhonete estaria sendo conduzida pelo traficante. Este estaria no local para certificar-se de que o crime havia mesmo se concretizado.
Apesar de não ter sido identificado nos autos, Carla Pedrosa e assistentes de seu escritório iniciaram uma “pesquisa quase porta a porta” pelo bairro de Itapuã, como resumiu a própria advogada, para descobrir a identidade e o endereço do verdadeiro condutor da caminhonete.
A defesa de Fernando Cabeção descobriu, então, que o verdadeiro dono do veículo é o empresário do ramo de prestação de serviços Avacy dos Santos. A localização do proprietário da caminhonete preta culminou na primeira grande descoberta para derrubar a tese da participação direta do traficante e, consequentemente, do mando: o empresário morava na região e passava diariamente pelo mesmo local e no horário em que aconteceu o crime.
Aproveitando-se de um descuido do juiz Carlos Eduardo, a advogada Carla Pedreira conseguiu colocar o nome do empresário numa extensa lista de testemunhas arroladas para o caso, deferida pelo magistrado. A advogada relatou que, a partir do momento em que arrolou a testemunha, iniciou uma série de tentativas de abordagem dele através do telefone e até mesmo à porta de sua residência, sempre mal sucedidas.
Na única oportunidade em que teve contato com o empresário Avacy dos Santos, a conversa se deu através do interfone da residência dele. Carla Pedreira acabou surpreendida pela participação de outras autoridades no caso.
A advogada relembrou um dos trechos da conversa com o empresário, em que ele admitiu ter prestado depoimento ao delegado Danilo Bahiense, então chefe da Divisão de Homicídios e Proteção a Pessoa (DHPP), logo após começar a ser procurado por ela. O delegado teria recomendado que o empresário ficasse em silêncio e “não se metesse no caso”.
A tentativa de intimidação da testemunha ficou clara por conta da anulação de duas audiências, adiadas em função da ausência do dono da caminhonete. Diante deste pretexto, o juiz Carlos Eduardo Lemos solicitou. durante as sessões, a exclusão da testemunha, negado pela defesa de Fernando Cabeção.
Quando compareceu em juízo, sob a condução coercitiva de força policial, a testemunha confessou a verdadeira história – fora dos moldes da tese de crime de mando. Alegou que passava todos os dias naquele horário pelo local e, ao ouvir os tiros, se assustou, certo de que estava acontecendo um assalto. Decidiu então dar marcha a ré no veículo, quando se chocou com o obstáculo de pista conhecido como “gelo baiano”.
Em virtude de o testemunho ir contra a tese montada para fortalecer a tese do crime de mando, o juiz Carlos Eduardo passou a intimidar o empresário na tentativa de fazer qualquer relação dele com o traficante Fernando Cabeção. As perguntas foram direcionadas então para a busca de qualquer relação com a advogada Carla Pedrosa, que acompanhava a audiência.
Sem sucesso na investida, o depoimento da então testemunha-chave sequer foi considerado pela acusação no Júri Popular, presidido pelo juiz Sérgio Ricardo de Souza – designado apenas para o julgamento deste processo –  deixando uma lacuna em aberto para a tese do crime de mando.
http://www.seculodiario.com.br/exibir_not.asp?id=4171

Nenhum comentário:

Postar um comentário