sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Número de detentos que estudam no ES é maior do que a média nacional Comente

Direitos Humanos e Cidadania / Educação / Justiça


Foto Assessoria de Comunicação/Sejus

São turmas desde a alfabetização até o Ensino Médio, ministradas por 160 professores da rede pública estadual.

Fabrício Mattos Corrêa, de 26 anos e Anamary Rocha de Almeida, de 51 anos têm em comum, além do fato de serem internos do sistema penitenciário do Espírito Santo, o fato de terem sido alfabetizados nas salas de aula que funcionam dentro das unidades prisionais do Estado.

Eles estão entre os 2.773 alunos, ou seja, 21,83% do total da população carcerária capixaba, que estudam em 24 unidades prisionais do Estado. A realidade no Espírito Santo é bem diferente do restante do País, segundo aponta uma pesquisa divulgada pelo portal de notícias estadão.com.br, em 29 de agosto de 2011.

De acordo com a pesquisa – que foi realizada pelo Instituto de Pesquisa e Cultura Luiz Flávio Gomes, a partir de dados de dezembro de 2010 do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), do Ministério da Justiça – dos cerca de 500 mil presos no Brasil, apenas 8% estudam, e a demanda por ensino é muito maior – 64% dos presos não completaram o Ensino Fundamental.

O programa educacional Portas Abertas para a Educação, que leva a educação para as prisões capixabas, foi instituído em junho de 2005 com o objetivo de proporcionar à população carcerária a garantia do direito à educação, à inclusão e à continuidade dos estudos no âmbito da Educação Básica regular para jovens e adultos.

O programa educacional é desenvolvido em parceria entre as secretarias de Estado da Justiça (Sejus) e da Educação (Sedu). Funcionam, hoje, turmas desde a alfabetização até o Ensino Médio, na modalidade Educação para Jovens e Adultos (EJA). As aulas são ministradas por 160 professores da rede pública estadual.

O secretário de Estado da Justiça, Ângelo Roncalli de Ramos Barros, comemora o resultado. “O trabalho de estruturação do sistema penitenciário, que está em andamento no Espírito Santo, inclui também a ampliação das assistências aos internos, dentre elas a educação. Tanto que as unidades prisionais inauguradas pelo Governo do Estado contam com salas de aula e espaços adequados para a aplicação de cursos de qualificação profissional”, disse ele.



E, acrescentou que, “desde quando foi criado, o programa educacional tem sido implantado em diversas unidades prisionais, inclusive, naquelas destinadas aos presos provisórios. Nosso trabalho visa dar às pessoas que passam pela prisão ferramentas de transformação de sua realidade, e a educação e a qualificação são fundamentais neste processo”, destacou o secretário.

Quem também comemora é Fabrício Mattos Corrêa, que pela primeira vez está tendo a oportunidade de frequentar uma sala de aula. “Eu precisei ser preso para aprender o real valor da vida. Foi aqui que aprendi a viver. Até então minha vida foi pelas ruas, sem família, sem orientação e entregue ao vício de drogas. Eu nunca tinha estudado, não sabia escrever nem o meu nome. Agora estou na 2ª série do Ensino Fundamental, já escrevo e sei ler algumas coisas. Quero aproveitar esta oportunidade para ter uma nova vida quando sair daqui”, disse o interno que cumpre pena na Penitenciária Estadual de Vila Velha I (PEVVI).



O estímulo que Anamay Rocha de Almeida teve para poder buscar a escola foi poder ler a Bíblia. “Já tenho 51 anos e achava que não ia mais conseguir aprender a ler, mas, minha professora é muito paciente, ela não desiste da gente. Não falto às aulas e quero aprender cada vez mais. A cadeia me transformou, mesmo estando presa, hoje eu sou feliz. Aqui eu aprendi a dar valor à minha vida”, falou a interna que cumpre pena no Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPF-CI).

Quem ensina também aprende. É o que diz a professora Magna Valéria Malanquini, que há dois anos leciona no sistema prisional, em unidades de Cachoeiro de Itapemirim. “Este trabalho é muito gratificante, eu aprendo com elas todos os dias. No início fiquei apreensiva, mas, acho que é comum por não conhecermos esta realidade. Hoje estou certa de que quero continuar trabalho no sistema penitenciário”, disse a professora.

Estudar reduz a pena

A Lei nº 12.433/11, sancionada em junho, alterou a Lei de Execução Penal para permitir a redução da pena dos presos que estudam. O benefício da remição autoriza a redução de um dia da pena a cada 12 horas de estudo, distribuídas em três dias.

A coordenara do Núcleo Educacional da Sejus, Regiane Kieper, explica que “os presos que estudam são formalmente matriculados em escolas que estão localizadas no município em que cumprem pena. Portanto, quando ele é solto, por exemplo, pode continuar os estudos na escola onde é matriculado sem qualquer dano ao seu desenvolvimento acadêmico”.

A expectativa da Sejus é chegar até o final de 2011 com 3.000 internos estudando.

As salas de aula funcionam nas Penitenciárias de Segurança Máxima I e II (PSMAI e PSMAII); Penitenciárias de Segurança Média I e II (PSMEI e PSMEII); Centro de Detenção Provisória de Viana II (CDP-VII); Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico (HCTP); Penitenciária Feminina de Cariacica (PFC); Casa de Custódia de Vila Velha (Cascuvv); Penitenciárias Estadual de Vila Velha I e II (PEVVI e PEVVII); Penitenciária Semiaberta de Vila Velha (PSVV); Centro de Detenção Provisória de Guarapari (CDP-G); Penitenciária Regional de Linhares (PRL); Penitenciária de Segurança Média de Colatina (PSMECOL); Penitenciária Regional de Colatina (PRCOL); Centro Prisional Feminino de Colatina (CPF-Col); Centro de Detenção Provisória de Colatina (CDP-Col); Penitenciária Regional de Barra de São Francisco (PRBSF); Penitenciária Regional de Cachoeiro de Itapemirim (PRCI); Centro Prisional Feminino de Cachoeiro de Itapemirim (CPF-CI); Penitenciária Regional de São Mateus (PRSM); e os Centros de Detenção Provisória de Aracruz (CDP-A), Marataízes (CDP-M) e São Domingos do Norte (CDP-SDN).

site: http://paixaocapixaba.com.br/?p=4415

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