O julgamento do acusado de tráfico de drogas, Fernandes de Oliveira Reis, o Fernando Cabeção, acusado de chefiar a quadrilha que assassinou o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, teve início na tarde desta segunda-feira (21) e deve durar pelo menos até a madrugada desta quarta-feira (23). Desta vez não faltaram jurados e o Fórum teve o policiamento reforçado, inclusive com a realização de revista de todos os que queriam acompanhar o júri popular de Fernando.
Antes do início do julgamento, a advogada de Fernando Cabeção, Carla Pedreira, requereu que as interceptações telefônicas anexadas pelo Ministério Público Estadual (MPE) ao processo não fossem utilizadas, pois algumas gravações tratavam de conversas entre a advogada e o seu cliente. O juiz Sérgio Ricardo de Souza apenas determinou que todas as falas atribuídas a advogada fossem excluídas do processo e permitiu que todas as outras conversas, relativas a Fernando Cabeção e a terceiros fossem utilizadas.
Pedreira também alegou que não havia junto com as gravações anexadas ao processo, a autorização judicial para elas, e que foram juntadas sem petição. O juiz negou o pedido alegando que o MPE anexou toda a documentação dentro das normas.
Com o comparecimento dos jurados titulares e suplentes, o júri começou por volta das 13h com a escolha dos jurados que iriam compor o júri. Sete homens foram sorteados e terão como responsabilidade julgar se Fernando Cabeção é culpado ou inocente. Logo depois dessa escolha, Fernando Cabeção foi interrogado pelo juiz, pelo MPE e pela defesa.
O interrogatório só terminou às 17h40 e quase uma hora depois foi iniciada a leitura de peças para os jurados. O Ministério Público pediu que 22 peças fossem lidas e uma fita com a simulação do assassinato fosse exibida aos jurados. A defesa requereu a apresentação de 50 peças, das quais fazem parte cinco fitas e oito CDs.
Com esse grande número de peças para ser apresentado, o juiz Sérgio Ricardo disse que os trabalhos serão suspensos por volta das 22 horas desta segunda-feira (21) e serão retomados às 9h desta terça-feira (22) com a continuação da exibição das peças. Após a leitura das peças, três testemunhas de defesa irão depor e logo em seguida MPE e defesa farão a sustentação oral, apresentando os argumentos para os jurados com os motivos que mostram que o réu é culpado ou inocente.
Negativa
Durante o seu interrogatório, Fernando Cabeção permaneceu algemado e usou como estratégia a negativa. Negou que conhece quase todos os acusados como co-réus no processo que apura a morte de Alexandre Martins de Castro Filho, assim como disse não conhecer quase todas as pessoas que atuariam com ele no tráfico de drogas e na prática de crimes em Guaranhuns, Vila Velha, onde morava. Aliás, também negou que tenha qualquer envolvimento com entorpecentes.
Uma das acusações contra Fernando Cabeção que consta no processo, seria de que ele era dono de uma caminhonete que deu cobertura aos executores do juiz. Ele lembrou que na data do crime, 24 de março de 2003, ele já estava preso e que nunca possuiu ou sequer dirigiu uma caminhonete do tipo.
Fernando foi preso no dia 18 de fevereiro de 2003, segundo ele, quando tentava fugir para Ilhéus, Bahia, por ter mandado de prisão contra ele pelo homicídio de Sérgio Milanez, pelo qual foi condenado a 12 anos de prisão. Ele também já foi condenado em outro processo, relacionado a drogas, que não soube dizer se era tráfico ou posse, com pena acima de três anos de reclusão.
Além de ser acusado de ser o chefe da quadrilha que executou o magistrado, o Ministério Público Estadual (MPE) acusa Fernando Cabeção de comandar o tráfico de drogas e crimes de pistolagem praticados pela facção criminosa denominada Primeiro Comando de Guaranhuns (PCG), na região de Guaranhuns, Vila Velha. Fernando responde a processo por esses crimes na 1ª Vara Criminal de Vila Velha.
Depois de Fernando Cabeção será a vez do sargento da Polícia Militar Ranilson Alves da Silva ser julgado pelo crime, no dia 28 de novembro. Outros cinco acusados de participação no assassinato do juiz Alexandre Martins de Castro Filho já foram julgados e todos foram condenados.
O motoboy André Luiz Tavares, o Yoxito, foi condenado a oito anos e quatro meses de prisão, em regime semi-aberto, por emprestar moto aos executores do magistrado; Leandro Celestino de Souza, o Pardal, foi condenado a 15 anos e dois meses de prisão, em regime fechado, por emprestar a pistola 7.65 usada para matar o juiz; o sargento Heber Valêncio terá que cumprir pena de 20 anos e três meses de reclusão por intermediar o crime; e os executores confessos do juiz Odessi Martins da Silva, o Lumbrigão, e Giliarde Ferreira de Souza, condenados a 25 anos e oito meses e a 24 anos e seis meses de detenção, respectivamente.
http://www.seculodiario.com.br/arquivo/2005/novembro/21/noticiario/ultimas/13.asp
Nenhum comentário:
Postar um comentário