segunda-feira, 19 de maio de 2014

A INFLUÊNCIA POLÍTICA NAS POLÍCIAS



A INFLUÊNCIA POLÍTICA NA POLÍCIA

Entre as décadas de 40 e 60, a incipiente profissionalização das carreiras policiais tornava a polícia paulista permeável aos interesses políticos, a toda sorte de favorecimentos a autoridades locais e a seus correligionários.
No campo político, entre 1946 e 1964, o cenário paulista foi polarizado por dois grupos rivais, o de Jânio Quadro (1917 – 1992 e o de Ademar de Barros (1901-1969). Quadros e Barros e seus respectivos correligionários se sucederam na prefeitura e no governo do Estado. Os períodos eleitorais eram os de competição mais acirrada.
Tanto Ademar de Barros como Jânio Quadros queriam ter apoio político e conviver em harmonia com as instituições policiais, pois ambos disputavam espaço político em associações ligadas à Força Pública e à Guarda Civil. Tanto na Força Pública como na Guarda Civil havia os chamados janistas e ademaristas.
O deputado estadual Jânio Quadros denunciou, em 1952, na Assembleia Legislativa a existência de apadrinhamento político para a nomeação de escrivães sem a realização prévia de curso na Escola de Polícia, exigência legal para a nomeação. Segundo Quadros, os alunos formados nos cursos da Escola de Polícia ficavam à espera de concurso público, sempre adiado, devido à existência de escrivães interinos, apadrinhados do governo, que faziam o mesmo curso por correspondência. Quando os interinos terminaram o curso, realizou-se finalmente, o concurso público para escrivão e os apadrinhados levaram vantagens sobre os demais. Gozaram de verdadeiros privilégios no cômputo dos pontos e ainda houve a nomeação de extranumerários para exerceram o mesmo cargo, passando maus uma vez à frente dos que realizaram o curso na Escola de Polícia.
O caso demonstra que a oficialização da exigência de curso na Escola de Política e de realização de concurso público para o ingresso na carreira de escrivão não conseguiu estancar a distribuição política, não-profissional e não-técnica de cargos. Tal prática poderia se repetir em outras corporações policiais. Assim, o incipiente processo de profissionalização do setor policial tinha como grande obstáculo o favorecimento político.
A criação do Centro Social dos Cabos e Soldados da Força Pública foi possibilitada pela influência da esposa do governador Jânio Quadros junto ao Comando geral da Força Pública que, por sua vez, levou o pedido formal ao governador em 1957. Eloá Quadros foi homenageada como madrinha da organização. A diretoria do Centro Social tinha ligações com o PCB, segundo informações do DOPS e do Conselho de Segurança Nacional. Dessa forma, a primeira-dama foi utilizada como instrumento para a abertura da associação ligada à esquerdo-comunista, algo que certamente Quadros não sabia.

Extraído: Tese Doutorado de BATTIBUGLI, Thaís, 2010.

Pergunta-se: Mudou alguma coisa, as associações ligadas as Polícias atualmente não servem e são usadas como apoio e trampolim político e disputas de espaço político. Cargos políticos de competência do Poder Executivo Estaduais, não seriam concedidos com interesses políticos e sendo positivo como quebrar esta teia de politicagem, já que essa prática esta enraizada em quase toda a sociedade?

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