A INFLUÊNCIA POLÍTICA NA POLÍCIA
Entre as décadas de 40 e 60, a
incipiente profissionalização das
carreiras policiais tornava a polícia paulista permeável aos interesses políticos, a toda sorte de favorecimentos a autoridades locais e a
seus correligionários.
No campo político, entre 1946 e
1964, o cenário paulista foi polarizado por dois grupos rivais, o de Jânio
Quadro (1917 – 1992 e o de Ademar de Barros (1901-1969). Quadros e Barros e
seus respectivos correligionários se sucederam na prefeitura e no governo do
Estado. Os períodos eleitorais eram os de competição mais acirrada.
Tanto Ademar de Barros como Jânio
Quadros queriam ter apoio político e
conviver em harmonia com as instituições policiais, pois ambos disputavam
espaço político em associações ligadas à Força Pública e à Guarda Civil. Tanto
na Força Pública como na Guarda Civil havia os chamados janistas e ademaristas.
O deputado estadual Jânio Quadros
denunciou, em 1952, na Assembleia Legislativa a existência de apadrinhamento político para a nomeação
de escrivães sem a realização prévia de curso na Escola de Polícia, exigência
legal para a nomeação. Segundo Quadros, os alunos formados nos cursos da Escola
de Polícia ficavam à espera de concurso público, sempre adiado, devido à existência
de escrivães interinos, apadrinhados do governo, que faziam o mesmo curso por
correspondência. Quando os interinos terminaram o curso, realizou-se
finalmente, o concurso público para escrivão e os apadrinhados levaram
vantagens sobre os demais. Gozaram de verdadeiros privilégios no cômputo dos
pontos e ainda houve a nomeação de extranumerários para exerceram o mesmo
cargo, passando maus uma vez à frente dos que realizaram o curso na Escola de
Polícia.
O caso demonstra que a
oficialização da exigência de curso na Escola de Política e de realização de
concurso público para o ingresso na carreira de escrivão não conseguiu estancar
a distribuição política, não-profissional e não-técnica de cargos. Tal prática
poderia se repetir em outras corporações policiais. Assim, o incipiente processo de profissionalização do setor policial tinha
como grande obstáculo o favorecimento político.
A criação do Centro Social dos
Cabos e Soldados da Força Pública foi possibilitada pela influência da esposa
do governador Jânio Quadros junto ao Comando geral da Força Pública que, por
sua vez, levou o pedido formal ao governador em 1957. Eloá Quadros foi
homenageada como madrinha da organização. A diretoria do Centro Social tinha
ligações com o PCB, segundo informações do DOPS e do Conselho de Segurança
Nacional. Dessa forma, a primeira-dama foi utilizada como instrumento para a
abertura da associação ligada à esquerdo-comunista, algo que certamente Quadros
não sabia.
Extraído: Tese Doutorado de
BATTIBUGLI, Thaís, 2010.
Pergunta-se: Mudou alguma coisa,
as associações ligadas as Polícias atualmente não servem e são usadas como
apoio e trampolim político e disputas de espaço político. Cargos políticos de
competência do Poder Executivo Estaduais, não seriam concedidos com interesses políticos
e sendo positivo como quebrar esta teia de politicagem, já que essa prática
esta enraizada em quase toda a sociedade?
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